quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

O Deus freak


Andei até aos 16 anos em colégios religiosos. Quer isso dizer que a figura de Jesus Cristo sempre esteve intimamente ligada aos maneirismos morais de que tenho demorado anos em me livrar.

Mas os anos têm isso de bom; permitem-nos abrir as perspectivas desde que nos saibamos libertar do preconceito, frequentemente dissimulado de discurso contestatário.

Apeteceu-me, por isso, questionar quem é Jesus Cristo?, quem é o profeta que a maioria dos meus congéneres venera?

Pois não deixa de ter interesse o facto de, segundo a tradição canónica, Jesus nunca ter casado; tanto mais que se tratava do primogénito duma família judia. Alguns estudiosos imputam esse celibato às acusações de prostituição de sua mãe que fariam do Cristo um bastardo.

Jesus tem um fraco por mulheres à beira do abismo; prefere as marginais às donas de casa. No evangelho segundo São Mateus, (10.34-36), Jesus Cristo afirma ter vindo para “opor o homem ao pai, a mãe à filha e a nora à sogra: os inimigos do homem são os de sua própria casa. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim”.

Ora à semelhança de qualquer outro fundador de seita, o profeta cristão dinamita a noção de família: já o Buda abandonara a sua mulher no dia em que nascera o filho para se dedicar à pregação da palavra.

Estamos ao final mais próximos do discurso de Engels quando este escreve “A família protege o património; para o prazer, há as putas, as que Jesus salva” do que da representação familiar que a igreja canónica sagra hoje na pedra em nome do filho da Galileia.

É portanto a titulo de livre pensador, liberto da herança familiar, liberto do materialismo que o pai do cristianismo prega a sua palavra.

Não deixa aliás de ser irónico ver a que ponto a igreja católica se tornou hoje no equivalente do sinédrio que condenou o Cristo à cruz. Resta saber se o povo também se mantém fiel ao povo de então.

Na verdade, até gosto da figura daquele homem despido e em cruz que reina nos altares deste país.  Só não gosto do gangue dos seus acólitos que teimam em se esconder por detrás das vestes bordadas.


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