terça-feira, 28 de agosto de 2012

A opinião


Eu acho, eu penso, eu sinto... Estas são para mim expressões demasiado presentes no fraseado de rua. Citando a Hannah Arendt, trocámos a capacidade de reflectir pela necessidade de opinar.  É bom ter uma opinião, mas perguntemo-nos: quem é que está interessado em conhecer a nossa opinião?

No meu caso, posso dizê-lo, pouca gente.

Mas também devo reconhecer que a minha necessidade de "hiperopinar" resulta mais de uma necessidade pessoal de carimbar aquela realidade ou momento do que de o achar que aquela pessoa precisa mesmo da minha magna opinião. É a minha forma de estar, de viver e sentir. Custa-me observar e não parir uma opiniãozita. Quando dou por mim, pimba: já foi.

Mas o que me tem levado a questionar essa tendência, passa pela minha reacção face à opinião alheia. Devo confessar que me “insuportam” pessoas com opinião sobre tudo.  É como aquela tendência de mal acabaste a primeira frase do teu desabafo e lá tá ele com um eu sei o que tu queres dizer, eu também blablabla...

Ser-te-á assim tão difícil fechar essa maldita matraca. Que me interessa o teu eu também blablabla... Deixa-me respirar pela boca e não usurpes este meu espaço de afirmação. É que eu também preciso de blablatar... Não há dúvida de que nos faltam espaços de escuta. Espaços de ser, isentos de carimbadela alheia.

É como se a boca se tornara uma espécie de tubo de escape.  É preciso fazer barulho; é preciso esvaziarmo-nos de algo que inquieta a mente lá dentro. 

É aliás por isso que eu aqui estou na minha gruta netiana. A ver se faço aqui a minha higiene retórica e deixo com isso de fazer do outro o meu penico.

... Este é um desabafo: Tê-lo-ão percebido.

Estou basicamente grávido de palavras com as quais não sei que fazer. 

Acho que vou mas é meditar a ver se acalmo a mente e dou descanso à matraca. 

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