Eu acho, eu penso, eu sinto... Estas são para
mim expressões demasiado presentes no fraseado de rua. Citando a Hannah Arendt, trocámos
a capacidade de reflectir pela necessidade de opinar. É bom ter uma opinião, mas perguntemo-nos: quem
é que está interessado em conhecer a nossa opinião?
No meu caso, posso dizê-lo, pouca gente.
Mas também devo reconhecer que a minha
necessidade de "hiperopinar" resulta mais de uma necessidade pessoal de carimbar
aquela realidade ou momento do que de o achar que aquela pessoa precisa mesmo
da minha magna opinião. É a minha forma de estar, de viver e sentir. Custa-me
observar e não parir uma opiniãozita. Quando dou por mim, pimba: já foi.
Mas o que me tem levado a questionar essa
tendência, passa pela minha reacção face à opinião alheia. Devo confessar que
me “insuportam” pessoas com opinião sobre tudo.
É como aquela tendência de mal acabaste a primeira frase do teu desabafo
e lá tá ele com um eu sei o que tu queres dizer, eu também blablabla...
Ser-te-á assim tão difícil fechar essa maldita
matraca. Que me interessa o teu eu também blablabla... Deixa-me respirar pela
boca e não usurpes este meu espaço de afirmação. É que eu também preciso de
blablatar... Não há dúvida de que nos faltam espaços de escuta. Espaços de ser, isentos de carimbadela alheia.
É como se a boca se tornara uma espécie de
tubo de escape. É preciso fazer barulho;
é preciso esvaziarmo-nos de algo que inquieta a mente lá dentro.
É aliás por isso que eu aqui estou na minha
gruta netiana. A ver se faço aqui a minha higiene retórica e deixo com isso de fazer do outro o meu penico.
... Este é um desabafo: Tê-lo-ão percebido.
Estou basicamente grávido de palavras com as
quais não sei que fazer.
Acho que vou mas é meditar a ver se acalmo a
mente e dou descanso à matraca.
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