Bom, vou tentar
livrar-me dos meus sarcasmos habituais para registar o positivo de tanto desejo
de feliz natal. É amor; é amizade, é vontade de abrir o peito para partilhar o
que de melhor temos para dar.
E aproveito para
aqui pegar num artigo intitulado “Vamos partilhar cada vez mais coisas”,
publicado na edição deste fim-de-semana do diário o Público. Fiquei a saber que uma das tendências de fundo da actualidade é a
emergência do chamado consumo colaborativo, cujo exemplo mais emblemático é a hub culture.
A ideia é a de que procuramos hoje experiências mais do que
objetos físicos e que, nesse sentido, nos estamos a afastar dos típicos padrões
do consumismo em que quanto mais se tem mais feliz se é. Com isso, estão a nascer formas mais
significativas das pessoas se relacionarem umas com as outras.
Os exemplos deste
novo padrão estão a crescer mundo fora mas fiquemo-nos pelo mais conhecido de
todos: o facebook. Quanto vale um like?, quanto vale a receita do bolo de
natal que partilhou e que foi vista por cinco mil pessoas?
Enquanto novos
algoritmos estão hoje a ser pensados no
sentido de dar resposta a esta questão, é toda uma economia paralela que está a
nascer: moedas locais, sistemas de troca de casa, partilha de carro ou aluguer
do vestido de noiva... São muitos os exemplos.
Mas também do lado
das empresas convencionais, muito está a mudar em virtude deste novo paradigma. Os empresários estão a deixar de pensar apenas na criação de produtos para começar
a trabalhar toda a relação que os liga ao cliente. Esta é aliás, a suposta razão pela qual os
construtores automóveis alemães têm conseguido atravessar a atual crise
económica com vendas ascendentes. Quem compra uma berlina alemã compra cinco
anos de garantia incluída; ao termo dos quais muitos proprietários optam por
vender o veículo independentemente do seu estado.
Neste caso, pode-se
dizer que o comprador de carro alemão compra confiança e esta é a palavra que se
encontra por detrás de todos os exemplos anteriormente citados. Emprestar o seu carro, a sua casa, propor
boleias a estranhos... tudo isso vive do pressuposto de sermos capazes de
confiar no outro.
Por isso, aqui fica, embrulhada num convite à reflexão, a minha prenda de natal para si: confiança. Ofereço-lhe o poder de confiar em mim, em si, neles e nelas e também num futuro mais generoso.
Bom Natal.
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