quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Os varredores eléctricos


Vá. Autorizem-me aqui a partilhar a minha rezinguice do dia...

São aquelas maquinetas ruidosas com que os funcionários da câmara expiram as folhas dos jardins. Não seria mais fácil, rápido, ecológico e sobretudo silencioso usar uma vassoura?

Que atitude devo eu, e todos aqueles que decidiram ir comer o farnel para o jardim, ter perante esta agressão sonora?

Será suposto ficar calado embrulhando o meu desconsolo numa teoria do género o pobre funcionário que ali está não tem culpa?

Será preferível levantar-me e vir embora?

Ou gritar-lhe desliga-me esta merda sua besta!

Mas além de salvaguardar o conforto de uma ida ao Jardim Público num maravilhoso dia de Outono,  suponhamos que o que eu questiono aqui é mais o que é que eu poderia fazer para transformar este meu desconforto em algo de construtivo?

Imaginemos, ligo para a Câmara Municipal, lá consigo finalmente falar com o departamento responsável sendo aliás atendido por uma senhora muito compreensiva que me dá toda a razão. Contudo, caro senhor, nada posso fazer e, por isso, pedia-lhe que formalizasse por escrito o seu pedido de extinção desses varredores eléctricos.

Passam-se umas semanas e resposta ao mail enviado, nem vê-la...

Este é o filme habitual quando o utente descontente debate-se com um muro processual de formiguinhas sem rosto.  Tem razão mas bata à porta ao lado.  Um cenário, de resto, parecido com o que um consumidor enfrenta quando manifesta uma insatisfação comercial.

Daí que na hora em que se pretende instaurar um registo de comunicação inteligente, não deixa de ser frustrante a inexistência de um interlocutor, potencial parceiro de uma solução construída.

É que assumir que não vale a pena investir o outro desse papel de co-autor de uma resposta traduz-se para mim numa violência.  É certo que é bom saber identificar os sensores íntimos que exacerbam alguma irritabilidade para me reapropriar um certo equilíbrio. Mas fazer disso a solução para todas as contrariedades é negar à sociedade o seu papel de motor da história.

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