Devia ter paí uns dez anos; recordo-me de ter
ido à Piscina Municipal num daqueles dias de calor abrasador; recordo-me de não
ter querido dar parte fraca e de ter acompanhado o meu primo mais novo até à
prancha dos cinco metros; recordo-me do medo que se apoderou de mim; recordo-me
de não ter conseguido saltar; recordo-me de ter querido descer pelas escadas
enfrentando as críticas de todos aqueles que as queriam subir...
25 anos mais tarde....
Recordo-me de estar num junco, um daqueles
barcos turísticos em plena Baía de Halong, no Vietname, e de ao fim da tarde
todos se terem querido refrescar na água; num misto de competição marialva e de
autêntica liberdade, uns mais afoitos lembraram-se de querer saltar do topo da
embarcação para dentro de água; recordo-me de ter feito parte desse primeiros
que optaram por fazer antes de pensar... Recordo-me da sensação de libertação uma vez dentro de água
Há uma hora atrás
Estava dividido entre fazer ou não a minha
ginástica semanal. Estive ali a deixar
engrossar aquele nó feito cobra no estômago. Conheço-a bem essa cobra. Não sei
se é uma amiga se uma inimiga; mas sei que tenho vivido num combate diário com
ela; é contra ela que tenho aprendido a superar-me; é com ela que tenho
crescido.
Chega a parte das questões:
Será inevitável esta guerra interior entre preguiça ou vontade de permanência e esforço ou necessidade de mudança?
Será inevitável esta guerra interior entre preguiça ou vontade de permanência e esforço ou necessidade de mudança?
Terá que ser sofrível essa transição do querer à acção?
Estarei condenado a agir sem pensar?
... O que é certo é que montei arraiais
lá no topo da prancha de cinco metros; parece que continuo a viver na angústia
de uma mudança tornada urgente. Só que desta vez, o salto implica um trepar e não um deixar
cair.
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