Faz hoje um mês que
dei inicio a este diário.
A ideia era a de
desbloquear algo; neste caso a escrita. Desbloquear a capacidade de mandar algo
para fora que não se resumisse a vento; era ainda o cultivar o prazer; prazer
da escrita. Confesso que a esse nível a coisa foi, pode-se dizer, bem
sucedida. A tal ponto que chegou a ser
uma necessidade: Quer pelo facto de dar estrutura a algumas reflexões como
principalmente por permitir domar a minha necessidade de falar.
Sinto, embora isto
seja tudo muito recente e de algum modo residual, que este espaço de palavras
ajuda-me a ter partilhas mais equilibradas com o meu circulo social.
Agora o que, em
substância, n ão mudou foi
a minha necessidade de validação. Se até então usava amigos e próximos sinto
agora a vontade de transferir esse ónus para outras pessoas; mas no fundo, não
altera o facto de ter uma extrema dificuldade em escrever aqui, como se de um
diário se tratasse, sem ansiar que este remate sirva para abrir o jogo.
Não sei se isso é mau:
reconheço que gostaria de saber fazer as coisas mais para mim; sem ter essa
eterna e cansativa necessidade de pontapear a bola em pleno campo. Mas, por
outro lado, dou por mim a questionar se é assim tão negativo eu ser feito dessa
substância: eu ser um ser gregário que precisa do outro para existir.
Nesse sentido, ao
longo deste mês, observei várias fases: a primeira, a que chamarei aqui a
adolescência da coisa, era a de não partilhar o blog com ninguém; no intimo,
devia achar que um dia, um critico literário iria dar de caras com esta pérola
do pensamento e iria projetar-me para a glória tal uma Cinderela moderna. Não
aconteceu; então, optei por começar a dar o link a uns amigos. Sim e tal, fazes
bem mas confrontou-me ao facto de que, tal como eu, as pessoas têm as suas
vidas e não precisam desta bica de sabedoria para sobreviver. E já mais
recentemente, criei um perfil no twitter. Cheguei a ter 19 amigos, tenho
lá agora uns 17, em que metade são empresas.
O bom da coisa é eu
estar mais próximo e consciente de mim e dos outros. O balanço é positivo.
Bastante até.
Mas... Sim, tinha de
vir o mas.
Mas, aproveito para me
espantar com os meus vizinhos da blogosfera. Não é, em bom rigor, estranho o
débil feed back que o meu blogue
possa ter gerado nomeadamente através do twitter
porque pelo que vejo, os meus compadres blogueiros estão mais empenhados em
debater a actualidade.
Eu, também gosto da
dita. Mas, já agora, se me é dado um suporte onde posso desviar o olhar e
multiplicar as abordagens, quiçá ache, pelo menos para já, mais graça a
perder-me por registos mais pessoais do que parafrasear as breves
jornalísticas.
Além do mais, devo
confessar, que a crise e toda a parafernália do apocalipse já me entedia.
Estou-me basicamente nas tintas para o Passos Coelho. O que não invalida que assuma as minhas
responsabilidades enquanto cidadão. Mas vir aqui ocupar o meu tempo ocioso com
divagações cunícolas, já é pedir-me muito.
... Pronto, está
feito o Sim, está feito o Mas: venha agora o round 2.
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