Estava aqui a pensar...
Devo confessar que a presença de alguns amigos
de longa data tem-se revelado nestes tempos de mudança algo pesada porque, na
verdade, cabe-me aqui reconhecer um traço meu pouco enobrecedor.
Continuo, de há uns anos incertos a essa
parte, a pensar que é na mudança que está a solução aos meus males. Que preciso
de conhecer pessoas novas; no passado também pensava que era saindo de Lisboa,
que as coisas se resolveriam. Por acaso até se resolveram, mas ao voltar para
cá, tudo voltou ao que era só que ainda
pior. De onde me vem afinal esta coisa tão portuguesa de achar que a solução
vem de lá fora; Já o Eça, afiançava que a Portugal, tudo chega a pacote,
gabando a qualidade dos veludos ingleses com que a burguesia do Porto vestia os
salões.
Mas enfim, não quero imputar este meu
traço a um qualquer pedigree luso, até
porque mais facilmente atribuiria esta tendência à época do que ao sitio. Acho mesmo, que devo, no meu caso, aprender a
revirar a terra de outra forma. Deixar-me dessa atitude potencialmente
consumista. Tipo, está gasto, bora lá arranjar outro tareco novo: Não, gostava de ser menos extremo; ser capaz
de integrar passado e futuro num presente mais sólido.
Porque a verdade é que para mim, o passado
poucos cuidados me merece. Não faço, a bem dizer parte, de nenhum gang da saudade:
nem dos tempos da faculdade; nem da infância... nada disso. O bom da coisa, é
que não trocava os meus 38 anos de hoje pelos 20 de ontem. Mas resta, que não
sei adubar esse mesmo passado. Não me desafia essa ideia... E tanto passa por
achar inútil revisitar uma segunda vez uma cidade ou um sitio onde gostei de
estar como cultivar amizades algo esquecidas...
Pronto, era esse o meu pensamento.
Uma reflexão simultaneamente nostálgica e desprendida!
ResponderEliminar... mas uma reflexão muito bem construída e lindamente escrita.
Um abraço.
Obg por este primeiro e virginal comment :)
ResponderEliminarAbc