Donde teclas?, como
és? peso, altura? que procuras?, tens foto?
Eis a forma como o
macho lusitano ostenta a sua mais bela
plumagem; a ideia há de ser de fazer umas contas: mais por menos; comparam-se
as mercadorias e temos negócio.
Não há, pelos tempos
que correm, maior elogio do que ser desejado pelo seu peso em carne; ser
tratado como um objecto é hoje o suprassumo do sucesso sexual. Portanto, ao
final, é tudo uma questão de números e de rankings.
No topo dos must
diria estar o músculo, o atributo fálico seguido da cara K47; no top less estão
românticos, velhos e magrelas ou gordos.
A graça dentro de
tudo isto é que se nos atermos às teorias vigentes, ouviremos que em matéria
de sexo, as pessoas procuram quebrar a rotina e expandir o campo dos possíveis;
contudo, se olharmos para a maioria dos sites de engate, veremos que por norma
as procuras centram-se em clones do eu: tem de viver na minha cidade quando não
é no mesmo bairro; mesma faixa etária; mesmo estatuto social; e se nos
centrarmos na realidade gay, mesma tribo: gordos com gordos; velhos com velhos;
giros com giros.
Há contudo espaço
para os chamados backrooms, traseiras
sombrias, em que o outro é resumido à sua função de coisa presente, de modo a
permitir que projetemos todas as nossas fantasias nele; ali não interessa se o
patrão se enrola com o empregado. Interessa que ambos aceitem ser usados e
esquecidos.
Ao final, há aqui um
sapiente cocktail entre adrenalina e desejo; há vontade de controlar o risco e
ao mesmo tempo de se expor a ele. A catarse sexual é com frequência o tubo de escape
das relações higiénicas.
Tempos houve em que
obedeci a este padrão. Foi bom; mas agora é melhor.
Sem falsos
moralismos, sempre tive como claro que este modelo expõe quem nele vive a uma constante necessidade de novidade paradoxalmente ligada à interiorização de padrões cada vez mais rígidos. Não é raro ver o passar dos
anos traduzir-se numa procura crescente de fetichismo; e porque será?
Não se trata de ser bem ou mal: trata-se, para mim, de se ser arrastado para um efeito de centrifugação que coisifica tudo e todos na sua passagem.
Não se trata de ser bem ou mal: trata-se, para mim, de se ser arrastado para um efeito de centrifugação que coisifica tudo e todos na sua passagem.
Por acaso, gostava de ter uma conversa contigo sobre isto. :)
ResponderEliminarE que tal sermos amiguinhos Facebook?
ResponderEliminarSou o Henrique Shiuu :)