sábado, 1 de setembro de 2012

O tempo


Estava aqui a pensar...

Devo confessar que a presença de alguns amigos de longa data tem-se revelado nestes tempos de mudança algo pesada porque, na verdade, cabe-me aqui reconhecer um traço meu pouco enobrecedor.

Continuo, de há uns anos incertos a essa parte, a pensar que é na mudança que está a solução aos meus males. Que preciso de conhecer pessoas novas; no passado também pensava que era saindo de Lisboa, que as coisas se resolveriam. Por acaso até se resolveram, mas ao voltar para cá,  tudo voltou ao que era só que ainda pior. De onde me vem afinal esta coisa tão portuguesa de achar que a solução vem de lá fora; Já o Eça, afiançava que a Portugal, tudo chega a pacote, gabando a qualidade dos veludos ingleses com que a burguesia do Porto vestia os salões.

Mas enfim, não quero imputar este meu traço  a um qualquer pedigree luso, até porque mais facilmente atribuiria esta tendência à época do que ao sitio.  Acho mesmo, que devo, no meu caso, aprender a revirar a terra de outra forma. Deixar-me dessa atitude potencialmente consumista. Tipo, está gasto, bora lá arranjar outro tareco novo:  Não, gostava de ser menos extremo; ser capaz de integrar passado e futuro num presente mais sólido.

Porque a verdade é que para mim, o passado poucos cuidados me merece. Não faço, a bem dizer parte, de nenhum gang da saudade: nem dos tempos da faculdade; nem da infância... nada disso. O bom da coisa, é que não trocava os meus 38 anos de hoje pelos 20 de ontem. Mas resta, que não sei adubar esse mesmo passado. Não me desafia essa ideia... E tanto passa por achar inútil revisitar uma segunda vez uma cidade ou um sitio onde gostei de estar como cultivar amizades algo esquecidas...

Pronto, era esse o meu pensamento.

2 comentários:

  1. Uma reflexão simultaneamente nostálgica e desprendida!
    ... mas uma reflexão muito bem construída e lindamente escrita.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  2. Obg por este primeiro e virginal comment :)

    Abc

    ResponderEliminar