Dia 14 de Novembro: é dia de mais um protesto
a cargo de um colectivo apolítico. Está
visto que o político está intrincado na origem do mal e custa a ser reabilitado como parte da solução. E esta é uma constatação que varre todos os quadrantes
ideológicos ainda que o desencanto me pareça estar mais instalado à esquerda.
Até porque noto que há todo um edifício
ideológico por reinventar nessa dita esquerda.
Primeiro, porque se quisermos ser rigorosos os imperativos do mercado que pautam a realpolitik são em muitos aspectos incompatíveis com um conjunto de valores dos primórdios. Mas a verdade é que é preciso criar riqueza para a poder redistribuir daí que, ao final, sejam poucos aqueles que não façam dos empresários e demais investidores os primeiros parceiros na hora de definir estratégias, deixando questões ideológicas ou sociais para uma segunda fase.
Primeiro, porque se quisermos ser rigorosos os imperativos do mercado que pautam a realpolitik são em muitos aspectos incompatíveis com um conjunto de valores dos primórdios. Mas a verdade é que é preciso criar riqueza para a poder redistribuir daí que, ao final, sejam poucos aqueles que não façam dos empresários e demais investidores os primeiros parceiros na hora de definir estratégias, deixando questões ideológicas ou sociais para uma segunda fase.
Imagino que seja quase irrealizável um
executivo político recém-empossado reformar as instituições no sentido de
inverter esta relação de forças.
E porquê?
Pois em boa parte porque não há na Europa,
neste caso, uma fiscalidade comum: isenções fiscais na Holanda, IRC a 13 por
cento na Irlanda ou segredo bancário na Suíça para não falar sequer dos paraísos
fiscais.
É claro que enquanto assim for nenhum político
se atreve a deteriorar o seu quadro de incentivos fiscais; é claro também que
enquanto assim for, o comum dos mortais observa com crescente desconfiança
estes dois pesos e duas medias já que o assalariado por conta de outrem não
consegue fugir de um cêntimo à crescente carga fiscal de que é alvo.
Portanto, quando Angela Merkel vem a Portugal ou se fala em Bruxelas de esforços de contenção orçamental, acho que lhes falta entender que é preciso em simultâneo pensar nas reformas que devolvam à esfera política meios de contrapesar face ao poder económico. Algo que passa, no meu entender, pela necessidade de pelo menos dentro da Europa existirem regras que evitem que o capital possa circular de um modo tão opaco e tão afastado da economia real.
Portanto, quando Angela Merkel vem a Portugal ou se fala em Bruxelas de esforços de contenção orçamental, acho que lhes falta entender que é preciso em simultâneo pensar nas reformas que devolvam à esfera política meios de contrapesar face ao poder económico. Algo que passa, no meu entender, pela necessidade de pelo menos dentro da Europa existirem regras que evitem que o capital possa circular de um modo tão opaco e tão afastado da economia real.
É aí que a questão ideológica deve
ser resgatada: voltar a conectar Wall Street
com Main Street.
De resto, há no campo da sociologia, uma
problemática que deve ser assumida: a esquerda procura fazer a espargata entre
os seus eleitorados tradicionais como as classes operárias por um lado e por
outro um terciário globalizado a que pertencem muitos dos próprios
representantes políticos. A verdade é que as vontades e percepções dos
primeiros nem sempre coincidem com as dos segundos. E se olharmos para o ressurgimento
dos populismos por toda a Europa perceberemos que é urgente voltar a olhar para
as necessidades das bases sociais, principais vitimas da desregulação dos
mercados, da abertura das fronteiras ou da centralização do discurso político.
Se não houver esse cuidado, não apenas ao
nível do discurso mas da própria acção política, corre-se o risco dum divórcio litigioso entre eleitores e supostos representantes democráticos.
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