Se eu fizesse uma peça de teatro
Recriaria um call center como cenário
Um espaço saturado de luz
Com uma janela que deixasse adivinhar a
madrugada lá fora
Seria um espaço moderno e esquizóide
Tudo ali seria fragmento
Pedaços de pessoas e pedaços de conversas
Gostava de ali retratar uma galeria de
precários
Desde empregadas de limpeza que atravessariam
o espaço com um crioulo bem disposto
Até operadores telefónicos que aprendem a
conhecer o vizinho entre duas conversas
Passando por interlocutores telefónicos
solitários ou irados
Esta peça chamar-se-ia Poortugal
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