Acabo de ver um vídeo mesmo giro: Ainda o
mesmo ia a meio e já estava a pensar em partilhá-lo no Facebook. Aos poucos, foi crescendo cá dentro aquela espécie de
inquietação.
Pois então decidi: Não.
Não vais partilhar isto. Vais guardá-lo para
ti. Vais torna-lo especial. Vais-te tornar especial. E enquanto digo isto,
continuo inquieto por não saber que fazer com esta prenda que acabo de me fazer
a mim próprio.
Não se trata de não saber receber. Mais
facilmente terei dificuldade em dar do que em receber. Trata-se mais de uma espécie
de marketing constante em que me fui
habituando a viver. As fraquezas ocultam-se; a beleza e inteligência exibe-se e
encena-se.
Quero com isso ser desejável?, quero com isso
ser elevado à categoria de bem de
consumo?, vender-me-ei como me habituei a comprar?
Não sei.
Só sei que quanto mais vazia for a minha vida
maior essa tendência para usurpar símbolos. A questão aqui é que quanto mais
vestir este papel de consumidor menos saberei ser autor.
Sei que estes dois seres se degladiam em mim
com frequência; o ideólogo bizarro e pudico face ao zaraboy diletante e ligeiro.
Bem sei, estou aqui a questionar o barroco do
vazio. Não te preocupes tanto, pá. É normal... Go for it boy.
Mas no intimo – sim, porque ainda há um intimo
– não gosto desta normalidade. Quero ter segredos especiais que só partilho com
alguns; quero inverter o reflexo do é giro: é para mostrar. Gostava mais de
começar por viver aquele momento por inteiro sem preocupação de registo ou
posteridade e depois, quem sabe, guardá-lo na minha memória interna e não na externa e descartável.
Pronto, vou desligar isto e preparar ali um
banquete com velas e tudo só para mim.
Resta saber se este desabado terminará num
delete corajoso ou se irá decorar a minha pequena montra.
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