Não entendo como é
que com tanto especialista afecto à tutela ainda não se tenha percebido que
está na hora de chamar um cão um cão.
Quem é que acredita
que Portugal virá um dia a saldar a totalidade das suas dividas? Quem diz
Portugal, diz ainda qualquer outro estado europeu com especial destaque para os
países periféricos.
A totalidade das
reformas até agora implementadas pela troika
vive de um conjunto de pressupostos a meu ver ingénuos. O principal consiste
em manter a farsa de que a totalidade da dívida é para ser paga.
Olhemos para o caso paradigmático da Grécia que se tem esfolado em sacrifícios e a quem foram "emprestados" cerca de 500 mil milhões de euros, o equivalente a dois anos e meio de PIB. Pois essa mesma Grécia a quem se perdoou tardiamente e numa avalanche de exigências mais de 70 por cento da dívida, acumula hoje um passivo externo superior ao de há dois anos atrás.
Olhemos para o caso paradigmático da Grécia que se tem esfolado em sacrifícios e a quem foram "emprestados" cerca de 500 mil milhões de euros, o equivalente a dois anos e meio de PIB. Pois essa mesma Grécia a quem se perdoou tardiamente e numa avalanche de exigências mais de 70 por cento da dívida, acumula hoje um passivo externo superior ao de há dois anos atrás.
Parece-me evidente, no que diz respeito à Grécia, que a resolução do problema deveria ter passado por um perdão atempado e sensato da dívida e pela criação de mecanismos que possibilitem o recurso a uma desvalorização da moeda nacional; ou seja, a organização de uma saída apaziguada da zona euro.
É que por detrás da dramaturgia da crise que
nos têm vendido, apregoa-se outro mito: o de que um Estado não pode falir e que
tem, aconteça o que acontecer, que saldar as suas dividas.
Falso.
Os Estados, ao mesmo título que empresas e particulares, abrem falência. E enquanto não assumirmos esse facto com clareza estaremos aqui com um discurso autista que já não convence ninguém. Portanto consumada que está a falência de um conjunto de países, temos, tal como se de um particular ou empresa se tratasse, que identificar recursos que permitam repor uma capacidade de produção e de repensar um valor exequível de divida a ser reembolsada; e isso, para o próprio bem dos credores.
Falso.
Os Estados, ao mesmo título que empresas e particulares, abrem falência. E enquanto não assumirmos esse facto com clareza estaremos aqui com um discurso autista que já não convence ninguém. Portanto consumada que está a falência de um conjunto de países, temos, tal como se de um particular ou empresa se tratasse, que identificar recursos que permitam repor uma capacidade de produção e de repensar um valor exequível de divida a ser reembolsada; e isso, para o próprio bem dos credores.
Em vez disso, insiste-se num discurso embebido de falsa
moralidade: sobrecarrega-se o burro de carga, perfeitamente consciente de que
não é a solução. Mas aquilo que interessa, actualmente, ao nosso executivo é
dar a imagem de um governo voluntarista; que faz frente a não foge às suas
responsabilidades, a ver, se com isso, os tecnocratas de Bruxelas e Troikastadt acedem a um perdão
caridoso. É que nem os nossos supostos dirigentes
ainda acreditam nas soluções propostas.
Só que o que não entendem, é que quanto
mais tardia for a solução e quanto mais tarde se falar verdade pior será o
chamado esforço de ajustamento.
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